“A minha tese vem no sentido de chamar à atenção para o envolvimento da população nas decisões sobre os seus problemas”.
Vicente Faria, 60 anos, antigo combatente da Resistência Timorense – nome de guerra “Funukolik” -, defendeu tese de doutoramento na Universidade de Aveiro, com orientação de Filipe Teles, professor do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território, sobre a ausência e a necessidade de um verdadeiro poder local em Timor-Leste.
Vicente Faria tinha estado em Aveiro em 1999 no âmbito do trabalho em nome da independência de Timor-Leste e de uma viagem aos Estados Unidos para testemunhar no Congresso sobre os massacres de Timor-Leste.
No mundo académico, tinha um mestrado feito na Universidade do Minho mas escolheu Aveiro para o doutoramento.
“A minha área de especialização é políticas públicas, decisões tomadas pelo Estado. Neste Estado jovem que é Timor-Leste não existe uma governação local, embora esteja prevista há 20 anos. É um problema que o Estado enfrenta. Se não existe governação local, não existe capacidade de envolvimento das pessoas para resolução dos próprios problemas”.
Em entrevista ao site da UA,fala da consolidação do processo democrárico e do afastamento dos cidadãos.
“O que se observa é que, num país com recursos, como o petróleo, todos querem o poder, mas esquecem-se do povo em quem deve radicar o poder, segundo a Constituição. Timor-Leste tem uma taxa de pobreza de mais de 50 por cento. A ausência de governação local democraticamente eleita tem-se traduzido num desastre para o país. Não basta aprovar leis, é preciso verificar a sua eficácia. A ausência do poder local na sociedade timorense é como uma árvore sem ramos”.