O BE diz que o relatório IPCC sobre alterações climáticas é um sinal de aviso para o futuro da governação.
Nelson Peralta, deputado coordenador do Bloco de Esquerda na Comissão parlamentar de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, comentou o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU que foi publicado hoje que alerta para um cenário climático mais drástico e rápido.
Para o deputado, "o relatório do IPCC tem uma grande novidade: os efeitos das alterações climáticas vão chegar mais cedo e com mais força que o até agora previsto. Ou seja, se as políticas - portuguesa e global - eram insuficientes e desajustadas para o cenário anterior, neste novo trajeto mais severo estão ainda mais longe do necessário. As reduções de emissões hoje só têm efeitos daqui a 20-30 anos, pelo que a situação é muito urgente".
Nelson Peralta refere que "o relatório volta a focar que é a atividade humana e a economia existente a causa da crise climática”.
“Não podemos esperar que o mercado resolva o problema que criou. Insistir no comércio de carbono é dar um prémio de milhares de milhões aos grandes poluidores, agravar os preços à população mais carenciada e não contribuir para a redução de emissões de estufa. Substituir os impostos do trabalho por fiscalidade verde - como declarado no programa de governo - é novamente castigar as populações com menos rendimentos e premiar com benefícios fiscais quem tem mais rendimentos. E, novamente, zero contributo para a redução de CO2. E precisamos, claro de proteger os sumidouros naturais de carbono"..
O parlamentar do Bloco de Esquerda defende que "precisamos mesmo é de reduzir as emissões e adaptar o território e criar emprego enquanto o fazemos. Redução efetiva de emissões nos sectores mais poluentes. E que essa redução seja mesmo redução e não sirva para vender os direitos para outra empresa emitir mais. Mudar a forma como produzimos energia e, enquanto isso, combater a pobreza energética. Mudar a forma como nos movemos com transportes públicos, ferrovia e cidades de 15 minutos".
Sobre políticas de adaptação, Nelson Peralta considera que "temos um território para um clima que já não existirá”.
“Não podemos ter uma floresta monoespécie para exportar papel agravando o risco de incêndio. Não podemos mudar a agricultura para regadio superintensivo de abacate e olival. E precisamos defender, com barreiras naturais, as populações costeiras em risco com a subida do mar. E, em caso de perdas e danos, iniciar desde já processos participativos para garantir o direito à habitação e à comunidade. Intervenção no edificado habitacional público e na habitação de pessoas em carência económica”.