A Universidade de Aveiro afirma-se na linha da frente do 6G.
Depois do 4G e do 5G, o 6G é o grande desafio dos próximos anos.
A sexta geração das tecnologias de comunicação sem fios com suporte a redes de internet móvel estará provavelmente disponível comercialmente pelos anos de 2030.
E estão em curso grandes projetos de I&DT com a participação da UA.
Rui Aguiar, professor do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática e coordenador da Linha de Redes e Serviços do Instituto de Telecomunicações, coordena os projetos SNS OPS, RIGOUROUS, e IMAGINEB5G, financiados pela comunidade europeia no âmbito do programa Smart Networks and Services, que acabaram de arrancar em 2023.
Os três projetos cobrem uma diversidade de áreas associadas ao desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação, incluindo algumas das instituições europeias de referência na área.
As comunicações móveis tradicionais de 4G permitiram-nos aceder à Internet em Banda Larga a partir dos nossos telemóveis.
As novas redes 5G, que estão a ser gradualmente instaladas em Portugal, trazem-nos a possibilidade de usar serviços críticos (caso do controlo de robots) ou grandes redes de sensores para a Internet das Coisas (por exemplo, nas Cidades Inteligentes), explica Rui Aguiar.
A nova tecnologia 6G, acrescenta, “irá desenvolver ainda mais a ligação entre a sociedade e as comunicações, permitindo a introdução de Realidade Virtual e de Holografia, por exemplo, bem como o aparecimento de serviços determinísticos (serviços que permitem facilitar o desenvolvimento de produção localizada de energia são um desses casos)”.
O projeto IMAGINEB5G é um projeto de três anos que age como interface para as diferentes indústrias poderem explorar as novas tecnologias de comunicação em âmbitos experimentais, em plataformas instaladas nas regiões de Oslo, Nice, Valência e Aveiro (esta última baseada na plataforma 5GAIner), cobrindo áreas como a indústria, os serviços de emergência e saúde, ou a educação.
O projeto inclui operadores como a Telenor ou a Telefonica e empresas de referência como a Nokia, a Airbus ou a Samsung. No grupo de entidades portuguesas coordenadas pelo IT, incluiu-se ainda a Altice Labs, a Ubiwhere e a AltranPortugal.
Cibersegurança e articulação da investigação europeia
O projeto RIGOUROUS irá cobrir os maiores desafios de cibersegurança, incluindo aspetos como privacidade e confiança que irão afetar as futuras redes e serviços, também, durante os próximos três anos. O projeto irá explorar as áreas de Aprendizagem-Máquina e Inteligência Artificial, de forma a criar um sistema de serviços que seja capaz de responder de reagir aos novos ataques de segurança. As atividades contemplam aspetos de Internet-das-Coisas, e atividades na fronteira da rede, considerando casos industriais.
O projeto RIGOUROUS tem grandes multinacionais envolvidas, como a Orange, a Lenovo, ou a Rhea, e um conjunto de universidades de referência na investigação para sistemas 6G, tal como a Universidad de Murcia (Espanha), ou a Universidade de Oulo (Finlândia).
Finalmente, o projeto SNS OPS é uma iniciativa de coordenação de investigação a nível europeu, envolvendo as entidades e companhias com maior peso na área, tal como a 6G SNS Infrastructure Association, e companhias como a Nokia, Ericsson, Alcatel, Thales, e alguns dos operadores de referência em investigação em 6G. Esta atividade irá desenvolver os planos de integração das diferentes atividades de investigação europeias, criando programas comuns estruturados, desenvolvendo roadmaps, e realizando eventos de disseminação e discussão entre todos os atores envolvidos. Este projeto insere-se num conjunto regular de atividades continuadas de coordenação a nível europeu, e nesse contexto tem uma duração de 27 meses.
Rui Aguiar explica que “a diversidade e dimensão dos projetos europeus, financiados em ambiente de grande exigência e seletividade, demonstra a qualidade da investigação realizada em Aveiro na grande área das futuras tecnologias de comunicação, e o reconhecimento internacional que se conseguiu atingir”. Também salientou o facto de “um dos projetos (IMAGINEB5G) permitir a realização de pequenas experiências por terceiros, existindo até algum financiamento disponível para tal”.
Texto e foto: UA