A Universidade de Aveiro acolhe a exposição “Arsénio Mota: o escritor (por trás d’) a obra” cuja inauguração terá lugar na Sala de Exposições Hélène de Beauvoir (Biblioteca da UA), esta segunda-feira, 5 de setembro, às 16h00, com a presença do autor e do Reitor, Manuel António Assunção. A exposição reflete parte do espólio de Arsénio Mota - 86 anos, escritor, poeta, cronista e jornalista -, doado à UA e visa promover o conhecimento e a investigação.
Arsénio Simões Mota nasceu em Bustos, Oliveira do Bairro, a 25 de abril de 1930. Em 1956, emigrou para Caracas (Venezuela), onde trabalhou como redator no semanário “Ecos de Portugal” e em programas de rádio. Regressado a Portugal, e com pouco mais de 30 anos, envereda pela profissão de jornalista.
Em 1961 funda a Biblioteca de Bustos e em 1963 ingressa no Jornal de Notícias (JN), no Porto, cidade onde viveu (e ainda vive) e onde fez e ensinou jornalismo. Em junho de 1964 foi preso pela Pide e libertado três meses depois. Após o 25 de Abril regressa ao jornalismo e ao JN até se aposentar. Anos mais tarde abandona a profissão para se dedicar à tradução e edição de livros.
A sua atividade literária teve início em 1955 com a publicação do livro de poemas “O canto desconforme” (1955). Usou o pseudónimo “Arsénio de Bustos” em obras de poesia, em alusão à sua terra Natal. Considerado um escritor de múltiplas faces, dedica parte da sua obra aos problemas e à história de Bustos e da Bairrada.
No domínio da arte e dos artistas, coordenou obras sobre Júlio Resende, como “Júlio Resende: a arte como vida” (1989) e Armanda Passos, “Armanda Passos” (1997). Organizou antologias, com destaque de “Para um dossier da oposição democrática” (1969), edição apreendida pela PIDE. Colaborou ainda em diversas obras de vários autores.
Arsénio Mota viria a distinguir-se sobretudo pela literatura destinada ao público infanto-juvenil, sendo que, foi neste domínio que mais se evidenciou com histórias admiráveis e em especial a coleção “Tapete Voador” da qual fazem parte os livros “A ilha das bocas abertas” (1999), “O mistério da floresta mágica” (1999), “A bandeira escondida” (1998), “O segredo da rocha” (1996) e “A corte na aldeia” (1996). As suas histórias para crianças devem ser sentidas e interpretadas como uma lição de vida.
Presidiu à Direção da Associação de Jornalistas e Escritores da Bairrada (AJEB), tendo sido o seu fundador e principal animador. Dirigiu ou codirigiu diversos suplementos literário-culturais e foi dirigente da sociedade Portuguesa de Autores (SPA).
Considerado um autor multifacetado, com um intenso percurso bibliográfico, a sua vida e obra representam a essência da alma bustuense. Responsável pela fundação da Biblioteca de Bustos, em 1961.
Sendo que as suas raízes assentam na região de Aveiro, Bustos, Oliveira do Bairro, Arsénio Mota optou por doar parte do seu espólio pessoal à Universidade de Aveiro. Este espólio encontra-se em tratamento técnico nos Serviços de Biblioteca, Informação Documental e Museologia.
Esta exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, na sala de Exposições Hélène de Beauvoir, na Biblioteca da Universidade de Aveiro, de 5 a 9 de setembro, entre as 09h00 e as 18h00 e de 12 a 30 de setembro, entre as 09h00 e as 21h30.
Pretende, assim, dar uma visão de conjunto de parte da sua obra enquanto poeta, cronista, jornalista, ficcionista, contista e ensaísta.