África…Terra Nova - XXXIX

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África…Terra Nova - XXXIX
16.07.2020

Hoje em mais uma edição do "África…Terra Nova", o professor António Batel Anjo fala de todos nós - da população, a propósito do dia mundial da população (11 de Julho) e de um artigo saído no dia 14 de julho com previsões que devemos ter em conta:

 

População – Cenários de fertilidade, mortalidade, migração e população para 195 países e territórios de 2017 a 2100.“Fertility, mortality, migration, and population scenarios for 195 countries and territories from 2017 to 2100: a forecasting analysis for the Global Burden of Disease Study”, Stein Emil Vollset, Emily Goren, Chun-Wei Yuan, Jackie Cao, Amanda E Smith, Thomas Hsiao, et al.  [Open Access] Published: July 14, 2020DOI:

ttps://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30677-2

A propósito do Dia Mundial da População, um evento anual, celebrado no dia 11 de Julho, com o objectivo de alertar para as questões do planeamento e desenvolvimento populacional, quando parte significativa da humanidade não tem acesso a recursos e serviços básicos como saúde, educação, saneamento e alimentação, entre outros. O evento foi criado pelo PNUD em 1989 e foi inspirado pelo interesse público no dia em que a população mundial atingiu os cinco mil milhões, em 11 de Julho de 1987. A população mundial chegou a 7,7 mil milhões em Abril de 2019.

No artigo, pode ler-se que os Investigadores estimam que o pico da população mundial será atingido no ano de 2064, com 9,73 mil milhões de habitantes e a partir dessa data começará a decrescer. Portugal poderá chegar a 2100, com uma população de cerca de cinco milhões de habitantes, numa altura em que a população mundial também estará em decréscimo, segundo um estudo científico publicado na revista Lancet a 14 de Julho de 2020.Os investigadores estimam que o pico da população mundial - que em 2017 era 7,64 mil milhões de pessoas – será atingido no ano de 2064, com 9,73 mil milhões de habitantes e começará a descer a partir daí, situando-se nos 8,78 mil milhões em 2100.

A razão principal apontada no modelo é a queda na taxa de fertilidade, o número médio de filhos por mulher, que era de 2,37 em 2017 e poderá não passar de 1,66 no ano 2100.Quanto a Portugal, terá já atingido o pico de população com os 10,68 milhões de habitantes que tinha em 2017 e poderá chegar a 2100 com uma população entre os valores de referência de 3,43 milhões e 6,1 milhões.

Portugal está entre mais de duas dezenas de países cuja população poderá descer para menos de metade em 2100, que inclui Espanha (de 46 para 23 milhões), Itália (61 para 31 milhões), Japão (128 milhões para 60 milhões) ou Tailândia (71 para 35 milhões).

O editor-chefe da Lancet, Richard Horton, afirmou que os resultados das projecções traduzem "uma revolução na história da civilização humana" e reforçam a "importância de proteger e fortalecer os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres"."África e o mundo árabe irão modelar o nosso futuro, enquanto a Europa e a Ásia reduzirão a sua influência. No fim do século, o mundo será multipolar, com a Índia, Nigéria, China e Estados Unidos como poderes dominantes", considerou.

Em 2100, o país atualmente mais populoso, a China, que tem 1,4 mil milhões de habitantes, deverá passar para 732 milhões de pessoas e ser o terceiro país mais populoso do mundo, a seguir à Índia, atualmente o segundo mais populoso, que poderá passar de 1,38 mil milhões para 1,09 mil milhões e à Nigéria, que aumentará dos 206 milhões atuais para 791 milhões.

O Brasil, que em 2017 tinha 212 milhões de habitantes e estava entre os dez países mais populosos do mundo, deverá passar para 165 milhões de pessoas. Por outro lado, várias nações mais do que duplicarão a sua população no fim do século face a 2017: a República Democrática do Congo poderá aumentar de 81 milhões para 246 milhões de habitantes, tornando-se o sexto país mais populoso do Mundo, a Etiópia poderá aumentar de 103 para 223 milhões de pessoas e tornar-se o oitavo mais populoso, seguido do Egito, que poderá aumentar de 96 para 199 milhões, e da Tanzânia, que poderá subir de 54 para 186 milhões.

"Os resultados sugerem que as tendências na educação feminina e no acesso à contraceção apressarão os declínios na fertilidade e reduzirão o crescimento da população. Uma taxa de fertilidade inferior à taxa de substituição de população em muitos países, incluindo a China e a Índia, terão consequências económicas, sociais, ambientais e geopolíticas", afirmam no estudo financiado pela fundação Gates. "Opções políticas de adaptação á baixa fertilidade que mantenham e reforcem a saúde reprodutiva feminina serão cruciais nos próximos anos", recomendam os investigadores, que frisam que a resposta ao declínio da população mundial não pode "comprometer o progresso da liberdade das mulheres e dos direitos reprodutivos".

Estimam que daqui a oitenta anos, em 183 dos 195 países actualmente contemplados neste estudo, as taxas de fertilidade projetadas não serão suficientes para manter a população sem "políticas liberais de imigração", que poderão "ajudar a manter a dimensão das populações e o crescimento económico apesar da queda na fertilidade".

As maiores descidas na fertilidade deverão concentrar-se sobretudo nos países que hoje registam altas taxas de fertilidade, como os da África Subsaariana, que poderão passar de 4,6 filhos por mulher, como se verificava em 2017, para apenas 1,7 em 2100. Exemplo dessa tendência é o Níger, que há três anos tinha a mais alta taxa de fertilidade do mundo - cerca de sete filhos por mulher -, e que deverá baixar para 1,8 por volta do virar do século XXI. Moçambique seguirá uma tendência idêntica e baixará a sua taxa de fertilidade para 1,6.

Além de menos fértil, a população humana deverá envelhecer, consideram os investigadores, que estimam que o número de crianças com menos de cinco anos poderá diminuir cerca de 41 por cento nos próximos 80 anos, de 681 milhões para 401 milhões, enquanto as pessoas com mais de 80 anos poderão aumentar seis vezes, de 141 milhões para 866 milhões. "Embora o declínio na população seja potencialmente uma boa notícia para a redução das emissões carbónicas e da pressão sobre as cadeias alimentares, mais pessoas velhas e menos pessoas jovens vão criar desafios económicos, quando as sociedades tiverem que se esforçar para crescer com menos pessoas em idade activa e menos contribuintes, reduzindo também a capacidade de os países gerarem riqueza para suportar os cuidados de saúde e os apoios sociais para os mais idosos", argumentam.

Os impactos económicos destas evoluções poderão significar que a China substituirá em 2035 os Estados Unidos como o país com o maior produto interno bruto, embora o crescimento económico deva abrandar a partir de 2050, pelo que os Estados Unidos poderão voltar a ocupar o topo da tabela em 2098, "se a imigração continuar a reforçar a população activa" do país.  

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(Covid: 1,330 Infectados / recuperados 375 e 41.221 testes / 9 mortos)

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Música:  

A voz inconfundível de José Mucavele é bem conhecida e muito apreciada em Moçambique. É uma voz cheia de calor, sonora, com um toque de emoção que sabe sempre bem ouvir.Tem uma carreira de mais de 45 anos, mas sua composição mais famosa, 'Balada para as minhas filhas', foi ouvida em todo o mundo após sua adopção como hino. pela UNICEF. José Mucavele desenvolve investigações etnomusicológicas, viajando e colecionando canções, ritmos e estilos da rica herança musical de Moçambique. Ele introduziu estes elementos tradicionais na sua própria música, misturando-os com géneros urbanos para criar seu estilo único, que influenciou muitos outros artistas. José Mucavele é uma lenda da música moçambicana. 

https://www.youtube.com/watch?v=swNlt0cKeuQ

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Autor
Maria João Azevedo
Horário10:00às09:40

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