"A política de mobilidade não pode assentar em sinais contrários" - José Carlos Mota.

2018-03-23 10:41

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Estudantes, movimentos cívicos e académicos dizem que a mobilidade em Aveiro não pode ser apenas debate sobre vias cicláveis e o perfil das vias mas uma visão integrada que articula os diferentes meios e os diferentes atores.

A mensagem foi deixada na jornada de trabalho sobre a via ciclável entre a estação da CP e a Universidade que está a merecer algumas críticas por não atender a um circuito mais urbano pela Sé ou pela avenida Dr Lourenço Peixinho.

"Se somos o público alvo principal porque razão não fomos auscultados até ao momento? Haverá mais alguma alternativa que também sirva a cidade? Meu caro presidente da Câmara, como está a preparar o Município para a chegada das 240  bicicletas do projeto UBike, da UA?" questionou João Vidal, do núcleo da bicicleta na Associação Académica da Universidade de Aveiro.

Os estudantes fizeram saber à autarquia que a passagem pelo centro de congressos consegue cruzar alguns dos poucos declives da cidade e que os principais utilizadores não estão a ser ouvidos.

"Em tom de brincadeira diria que vai dar jeito que a ciclovia passe nas duas maiores subidas de Aveiro porque vamos começar a desenvolver a componente desportiva. Vai servir para os treinos da equipa de ciclismo da UA".

O Reitor respondeu ao desafio. "Mas há subidas em Aveiro?" questionou Manuel Assunção num arranque assumido para "quebrar o gelo".

A Semana Peduca tem na rede ciclável um dos focos de debate. Hoje, último dia desta iniciativa, há visita ao antigo edifício da estação.

Ribau Esteves registou os contributos e salientou que a mudança não se faz apenas com vias cicláveis mas com alterações culturais.

“Há aqui uma questão de cultura a trabalhar. Venho de um munícipio em que a estatística diz que 10% da população anda de bicicleta em circuitos casa-trabalho. Se formos à secundária da Gafanha estão lá 400 bicicletas e em Ílhavo zero. E é no mesmo município. Temos que trabalhar para criar esta cultura cá em Aveiro. Não sei se demora um ou 10 anos. Temos que criar condições de conforto e segurança e com isso ir aumentando a adesão para chegar a 10% de utilizadores”.

O acesso em bicicleta entre Av. Dr. Lourenço Peixinho, o centro da cidade e o Centro Coordenador de Transportes; os percursos para peões e ciclistas na Praça General Humberto Delgado (Pontes); o parqueamento de bicicletas no Parque de Estacionamento de Apoio à Intermodalidade na estação de comboios e o cruzamento do antigo pavilhão do Beira-Mar no âmbito da requalificação da Rua da Pêga são assuntos que têm merecido mais debate.

A semana temática do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano da Cidade de Aveiro foi espaço de apresentação de projetos e permitiu conhecer as teses defendidas por projetistas e utilizadores.

Termina esta sexta com visitas guiadas ao edifício da Antiga Estação da CP e à habitação social no Bairro de Santiago e o workshop “Técnicas Construtivas características de Aveiro”.

O debate na Universidade, no âmbito da semana Peduca, colocou em análise as soluções propostas e as necessidades dos estudantes e professores.

José Carlos Mota, responsável pela plataforma da mobilidade na academia, falou da articulação entre as diferentes políticas. Sem citar os casos da avenida e do estacionamento no Rossio, acabou a lembrar que mobilidade é um conceito que não pode assentar em políticas contraditórias (com áudio)