Um grupo de investigação multidisciplinar da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu uma família de marcadores para utilização em microscopia de fluorescência de células em cultura ou de organismos inteiros, incluindo células vivas.
Em perspetiva estão soluções que contribuam para o diagnóstico e luta contra, por exemplo, doenças metabólicas resultantes de acumulação lipídica, nomeadamente as doenças de Gaucher, Farber e Tay-Sachs.
A capacidade para marcar células e identificar e caracterizar estruturas no interior das células, como agregados lipídicos, é essencial para a investigação aplicada, o diagnóstico médico e o desenvolvimento de fármacos.
A equipa multidisciplinar incluiu Artur Silva, atualmente Vice-reitor e professor do Departamento de Química, e Samuel Guieu, ambos investigadores do REQUIMTE – Laboratório Associado para a Química Verde - Tecnologias e Processos Limpos, João Rocha, professor do mesmo departamento e investigador do CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro, ainda Sandra Vieira e Odete da Cruz e Silva, professoras do Departamento de Ciências Médicas, e Roberto Dias, os três últimos são investigadores do Instituto de Biomedicina de Aveiro (IBIMED).
Da equipa fez, também, parte a inventora externa Raquel Ruivo (antiga aluna da UA, agora investigadora no Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), Universidade do Porto).
A tecnologia consiste na produção de fluoróforos (componente de uma molécula que faz com que esta seja fluorescente) por um método de síntese eficiente e barato, não tóxicos e com uma rápida penetração em células vivas em cultura e em pequenos organismos.
O protocolo de marcação é rápido e simples, baseando-se na mudança de cor dos fluoróforos em função da polaridade do meio em que estão imersos, permitindo marcar seletivamente os agregados lipídicos, que podem ser usados para a deteção e quantificação em ensaios específicos.
Estes marcadores podem ser usados em imagiologia de células vivas ou fixadas, em imagiologia de organismos, por exemplo, na marcação de embriões de peixezebra; no diagnóstico de doenças relacionadas com lípidos e no rastreio de fármacos para estas doenças; e na monitorização do conteúdo lipídico de microalgas para produção de biodiesel.
Já foi registada a respetiva patente para o espaço europeu.