Alexandre Soares dos Santos recebeu hoje o Doutoramento Honoris Causa da Universidade de Aveiro (UA), uma distinção que homenageia o trabalho que realizou na presidência do Conselho Geral e no Conselho de Curadores da Academia. Paulo Jorge Ferreira, Reitor da UA, não tem dúvidas: “É uma personalidade ímpar no panorama empresarial”.
“O Sr. Alexandre Soares dos Santos contornou adversidades, assumiu riscos e encontrou alternativas para crescer e alargar horizontes, dentro e fora das nossas fronteiras, com impacto significativo no desenvolvimento económico e social do país”, apontou Paulo Jorge Ferreira durante o discurso com que homenageou Alexandre Soares dos Santos.
Para além do relevante caminho percorrido no mundo empresarial, lembrou o Reitor, o mais recente Doutor Honoris Causa da UA, que teve como padrinho o economista José Pinto dos Santos, “tem-se destacado também na promoção de novas formas de intervenção na sociedade, em áreas como a Educação, Economia, Investigação e Cultura, estabelecendo fundações ou obras sociais de elevado mérito”.
Assim, foi pelas suas mãos do antigo líder da Jerónimo Martins que nasceu a Fundação Francisco Manuel dos Santos, “para estudar os grandes problemas nacionais e levá-los ao conhecimento da sociedade, como forma de contribuir para a dignidade da pessoa humana, para a cidadania, para a solidariedade social, a democracia, a liberdade, a igualdade de oportunidades, o mérito e o pluralismo”.
São valores que, no entender de Paulo Jorge Ferreira, “refletem bem a personalidade do seu fundador” e que também a UA abraça. “Este Doutoramento Honoris Causa é uma homenagem a uma individualidade que personifica algo que é caro à UA desde a sua fundação”, apontou o Reitor.
Perante a comunidade académica presente no auditório da Reitoria, Paulo Jorge Ferreira lembrou alguns dos contributos que Alexandre Soares dos Santos deixou vincados na história do país e da UA.
Convidado, em 2009, para integrar o primeiro Conselho Geral da Universidade, Alexandre Soares dos Santos haveria de o presidir até 2014. A iniciativa "Exit Talks – Conversas sobre Exportação", que em 2013 congregou na UA empresários, consultores, cientistas e investigadores, artistas e criadores e as jornadas do Caramulo sobre “UA2020 a Universidade que queremos”, onde os gestores da Universidade e um conjunto de individualidades, nacionais e internacionais, discutiram os desafios da Academia do futuro foram algumas das iniciativas que se destacam da passagem de Soares dos Santos pela UA e que o próprio promoveu.
Recorde-se ainda o importante protocolo de cooperação celebrado entre a UA e a Jerónimo Martins com vista a promover a formação de gestores que melhor se adequam ao setor do Retalho e Distribuição, uma parceria que envolve a atribuição de bolsas aos estudantes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda que ingressem no Mestrado em Gestão Comercial com classificação e competências adequadas e a receção nas suas empresas dos alunos da Licenciatura em Comércio, em regime de estágio. Para a história fica também o financiamento pela Jerónimo Martins de uma Cátedra Internacional Convidada.
O papel interventivo de Soares dos Santos, de grande dinamismo e como um agente de mudança, foi mais uma vez notório quando assumiu, entre 2016 e 2018, as funções de Membro do Conselho de Curadores da UA.
Enaltecendo o gesto da UA em homenagear Alexandre Soares dos Santos, o economista José Pinto dos Santos o padrinho apontou a sua “obra empresarial ímpar em Portugal”, o seu “inconformismo, uma raridade entre os empresários portugueses, o seu espírito livre, independente e inovador”. O padrinho do novo Honoris Causa da UA sublinhou ainda o seu mais recente projeto, a Fundação Francisco Soares dos Santos “que mostra bem o interesse que Alexandre Soares dos Santos nutre pelo trabalho científico”.
“Este é, para mim, um dia muito feliz”, congratulou-se Alexandre Soares dos Santos. Durante o discurso Alexandre Soares dos Santos citou o arquiteto da unidade europeia, Jean Monnet, para se apresentar. “Existem duas categorias de pessoas: os que querem ser alguém e os que querem fazer alguma coisa”.
Aos 84 anos, o obreiro de um dos maiores grupos empresarias nacionais, assegurou que “quis as duas coisas: nunca ser mais um” e, acima de tudo, desenvolver o legado que recebeu da família e “passar às gerações vindouras algo maior”.
Num mundo dominado pela incerteza, “é absolutamente imperativo que empresas e universidades questionem permanentemente a sua razão de ser e a sua relevância e se perguntem que futuro querem para si mesmas e para o mundo, e como vão contribuir para lhe dar forma”, apontou.
Para isso, deixou uma mensagem: “empresas e universidades não sobreviverão se insistirem em prosseguir concentradas, fechadas sobre os seus propósitos particulares, demasiado preguiçosas para se desafiarem a fazer melhor e a fazer diferente”.
Soares dos Santos defende que “as empresas têm uma responsabilidade social de que não podem escusar-se”. Do mesmo modo, entende que “as Universidades têm a obrigação de ajudar as sociedades a compreenderem-se melhor e a estarem mais preparadas para superar os desafios que crescentemente se lhes colocam”. E acrescentou: “as Universidades têm de participar mais na vida social, têm de aproximar-se, fazer ouvir a sua voz e ajudar a resolver problemas”. As universidades “devem assumir-se como verdadeiros agentes de transformação da comunidade e da sociedade em que se inserem”.