Investigadores da Universidade de Aveiro desenvolveram partícula bimetálica 50 mil vezes mais fina do que um cabelo. É a nanopartícula bimetálica mais pequena alguma vez produzida pelo Homem.
Tem um diâmetro 50 mil vezes mais pequeno do que o diâmetro de um fio de cabelo, é constituída por cobalto e platina e foi desenvolvida por uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA).
Utilizadas em memórias de computadores, em exames de ressonância magnética e em tratamento de tumores, as atuais nanopartículas constituídas por apenas dois metais podem ter o futuro comprometido. É que o tamanho e as propriedades magnéticas da partícula metálica da UA multiplicam a eficácia em cada missão.
“Conseguimos desenvolver as mais pequenas nanopartículas bimetálicas de sempre, com menos de 2 nanómetros [1 nanómetro é um milhão de vezes mais pequeno que um milímetro], feitas à base de platina e de cobalto, com propriedades superparamagneticas [apresentam magnetização apenas na presença de um campo magnético externo] e com a particularidade de, elas próprias, aumentarem a magnetização”, congratula-se Robert Pullar, um dos autores do estudo levado a cabo por uma equipa de cientistas dos departamentos de Física e de Engenharia de Materiais e Cerâmica e do CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro da UA.
Robert Pullar sublinha a importância desta nanopartícula face ao crescente interesse geral em nanopartículas magnéticas devido à necessidade gerada pela biomedicina e pelas novas tecnologias. Em particular, sublinha o investigador, “as nanopartículas magnéticas bimetálicas com alta coercividade magnética têm atraído muitas atenções devido às respetivas aplicações em memórias de armazenamento e computação magnéticos, em exames de ressonância magnética e em tratamentos de cancro”.
No que diz respeito à terapia oncológica através da hipertermia magnética, uma técnica que conduz as nanopartículas pelo organismo até aos tumores, e cujo aquecimento por indução magnética destrói as células malignas, a pequenez é uma vantagem. Quanto menor e mais magnética for a partícula, melhor poderá ser levada até ao alvo e mais termicamente eficaz pode ser. Na utilização de nanopartículas magnéticas em ressonância magnética, estas servem de agente para contraste nas imagens. Assim, e da mesma forma, quanto mais magnéticas e pequenas forem as nanopartículas, maior contraste e melhor resolução espacial se obtém com o exame.
Já no armazenamento de informação, a densidade que se pode armazenar num disco rígido magnético de computador é medida em bits/área. Considerando que cada nanopartícula representa um bit, quando menor for o tamanho das nanopartículas utilizadas, maior será a densidade de informação. O resultado é um maná para a indústria informática: poderão oferecer computadores com muito mais memória disponível sem necessidade de aumentar o volume das máquinas.
O trabalho foi desenvolvido pelos investigadores da UA Robert Pullar, David Tobaldi, João Amaral, João Labrincha e Mohamed Karmaoui (atualmente investigador na Universidade de Birmingham) e foi publicado no último número da revista Journal of Physical Chemistry Letters.
Texto e foto: UA