As universidades de Aveiro e de Aalborg são parceiras no Projeto e.cuidHaMUs que pretende estudar de que modo um sistema integrado sustentável de dados de saúde e de estilos de vida na Universidade pode contribuir para a monitorização e vigilância epidemiológica longitudinal do bem-estar da sua população.
O projeto arranca já esta quarta-feira, 28 de junho, no Centro de Saúde Universitário da UA, localizado nas Agras do Crasto.
Esse sistema de monitorização de dados de saúde e de estilos de vida permitirá apoiar o Gabinete de Medicina no Trabalho das Instituições do Ensino Superior (IES) nos processos de recolha, armazenamento, criação e distribuição de informação, a fim de poder auxiliar ao mesmo tempo o utente (trabalhadores) no acesso fácil e rápido ao seu histórico clínico, ao agendamento e pedido de consultas e a informações para a prevenção de doenças e promoção da saúde, entre outras funcionalidades.
Uma vez obtido o parecer favorável da Comissão de Ética, uma equipa multidisciplinar de investigadores da Universidade de Allborg e do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Matemática e Aplicações (CIDMA), da unidade de Investigação Digital Media and Interaction (DigiMedia) e do Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura (ID+) da Universidade de Aveiro vão construir uma plataforma web a partir das respostas a um breve questionário que será anónimo e confidencial, no momento da consulta no Gabinete da Medicina do Trabalho da UA.
O questionário permitirá a criação de uma base populacional local oferecendo o potencial para fornecer o conhecimento e entendimento transversal e longitudinal de "o que funciona e por quê" em matéria de promoção da saúde e prevenção da doença.
Em particular, ele vai poder ainda criar oportunidades para o estabelecimento de estratégias de ação importante para a eficácia da promoção da saúde e contribuir para a construção de um Guia de Vigilância Epidemiológica no interior duma IES.
Com este projeto pretende-se dar resposta às exigências governamentais expostas no decreto-lei 26/94 de 1 de fevereiro no sentido em que as organizações devem implementar atividades capazes de identificar e prevenir riscos profissionais e promover a vigilância da saúde dos seus trabalhadores, e ao mesmo tempo, complementar o trabalho iniciado com uma dissertação de mestrado concluída em Dezembro de 2015 que permitiu a conceptualização de um sistema de monitorização de dados clínicos na área da Medicina do Trabalho, especialmente pensado para o universo de trabalhadores relacionados com o ensino superior, nomeadamente no enquadramento teórico deste tipo de monitorização da saúde e na identificação de requisitos para um sistema integrado de monitorização de dados que se adapte à realidade da UA.
As IES são fóruns cada vez mais reconhecidos em todo o mundo na missão, na capacitação e na formação de cidadãos ativos capazes de gerir o seu desenvolvimento profissional e pessoal. Estas instituições devem constituir-se ainda como um meio privilegiado para a construção de espaços saudáveis ao poder abordar toda a gama de questões relacionadas com a capacitação de escolhas promotoras de saúde, duma forma consistente e integrada. Garantir a informação e a educação da comunidade académica (estudantes e funcionários) sobre estilos de vida saudável deve ser também uma das muitas prioridades das IES.
Ao nível local, mais concretamente ao nível dum espaço com características específicas como é uma IES, a vigilância epidemiológica da população académica pode fornecer a base para a identificação de informações de problemas de saúde que devem ser intervencionados por forma a incluir e/ou modificar as políticas de saúde pública aí vigentes.
Se fazer vigilância epidemiológica implica também colocar a tónica no problema de saúde de um ou mais estratos da população, quer seja no resultado ou na consequência, então é necessário conhecer sobre qual ou quais problemas existem e atuar em conformidade.
Estes pressupostos podem contribuir para informar com precisão, a situação epidemiológica de determinada morbilidade, as tendências esperadas, o impacto das ações de controlo efetivadas e os indicadores.
Com cerca de meio milhão de estudantes, as 50 Instituições do Ensino Superior Público em Portugal oferecem um potencial óbvio para a promoção de saúde e bem-estar, ajudando a construir e a influenciar valores e prioridades dos estudantes, futuros trabalhadores, cidadãos e decisores políticos de amanhã.
texto: UA