PRR vai financiar Laboratório Nacional para a Rastreabilidade dos Produtos da Pesca e Aquicultura.

2022-05-16 14:19

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O PRR vai financiar o Laboratório Nacional para a Rastreabilidade dos Produtos da Pesca e Aquicultura.

A antiga estação depuradora de bivalves, em terrenos da Lota da Gafanha da Nazaré, será o espaço para esta nova estrurura.

O Laboratório Nacional para a Rastreabilidade dos Produtos da Pesca e Aquicultura, estrutura única no país que permitirá prestar serviços às empresas e atestar a origem geográfica e os métodos de produção de bens alimentares de origem marinha, fundada em conhecimento da Universidade de Aveiro, já tem financiamento garantido, através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

O futuro equipamento, previsivelmente, em funcionamento em 2025, afirma Ricardo Calado, investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Biologia da UA, constituirá uma das duas vertentes do CITAqua (Centro de Inovação e Tecnologia em Aquacultura), projeto integrado na Componente 10 (Mar) do PRR, nomeadamente na iniciativa Hub Azul - Rede de Infraestruturas para a Economia Azul, em que este Polo de Aveiro (H4) receberá um apoio de 7 milhões de euros.

Este virá a ser a terceira unidade do ECOMARE e será instalado na antiga depuradora de bivalves, recinto da Docapesca, na Gafanha da Nazaré (Ílhavo), em estreita articulação com a Administração do Porto de Aveiro.

O ECOMARE é ainda constituído pelo Centro de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (CPRAM) e o Centro de Extensão e Pesquisa em Aquacultura e Mar (CEPAM).

Os sete milhões de euros serão aplicados na instalação e criação da estrutura, mais concretamente, na reabilitação e adaptação do edifício da antiga depuradora, na aquisição de equipamento, contratação de dois investigadores e dois técnicos superiores.

Este investimento contribui para a implementação da estratégia da Universidade de Aveiro para o desenvolvimento de modelos sustentáveis de valorização dos recursos vivos marinhos, em linha com a Estratégia Nacional para o Mar e a visão europeia para a Bioeconomia Azul.

O CITAqua terá duas vertentes de trabalho complementares.

O já referido Laboratório Nacional para a Rastreabilidade dos Produtos da Pesca e Aquicultura, que prestará serviços a empresas e autoridades nacionais com responsabilidade no setor do mar e dos recursos aquáticos, e o Laboratório para a Produção 5.0 Super-Intensiva de Algas e Bivalves, que estará dedicado à produção e valorização de micro e macroalgas, assim como moluscos bivalves, espécies de níveis tróficos mais baixos que não dependem de rações para o seu desenvolvimento e, embora abundantes na Ria de Aveiro, estão ainda pouco estudadas.

Este último laboratório estará vocacionado para desenvolver projetos em copromoção com outras entidades, nomeadamente, empresas

O CITAqua trabalhará, portanto, em áreas complementares ao CEPAM.

Exemplo da complementaridade e vertente deste, o projeto AquaMMin, apoiado pelo programa operacional MAR2020, dedicado ao desenvolvimento e otimização de um sistema de aquicultura modular multitrófica integrada, implicou a instalação, no recinto do ECOMARE, de oito linhas de produção de três níveis tróficos diferentes que se comunicam e articulam.

Os nutrientes não utilizados no nível trófico mais elevado serão o input e alimento dos tanques seguintes na cadeia de produção, maximizando os recursos e permitindo rigoroso controlo de qualidade dos ambientes e da produção em cada nível trófico.

Na base de todos estes projetos, salienta Ricardo Calado, estão princípios de sustentabilidade e da articulação entre os setores do mar e agricultura, traduzindo um lema repetidamente ouvido entre investigadores, técnicos e empreendedores: ‘A revolução azul tem de se tornar cada vez mais verde’.

A frase é uma referência não só à crescente necessidade de valorização de recursos marinhos, como algas e plantas marinhas, mas também à articulação com o setor agrícola.

Traduzido em ideias concretas e a título de exemplo, Ricardo Calado refere a intenção de estudar uma espécie de pequenos crustáceos marinhos que ocorre na Ria de Aveiro e que consegue transformar a rama das cenouras e casca de batata, subprodutos do sector agrícola, em ácidos gordos ómega-3.