Exemplo de Egas Moniz continua actual. Cientista dá nome a Prémio Nacional de Neurorradiologia.

2015-10-23 11:16

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O cientista deu um inestimável contributo para a medicina mundial do Século XX ao descobrir a angiografia cerebral, método que, apesar dos seus 88 anos, ainda é utilizado nos dias de hoje.

O Município de Estarreja e a Sociedade Portuguesa de Neurorradiologia, com a chancela da Ordem dos Médicos, uniram-se para criar o Prémio Bienal Egas Moniz, evocando um dos expoentes máximos da cultura científica nacional, ao mesmo tempo que pretende fomentar o gosto pelas neurociências e a produção científica.

“A Ordem dos Médicos não podia deixar de dar o seu patrocínio científico entusiasmado a esta parceria”, afirmou o Bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, ontem na sessão de apresentação do Prémio Egas Moniz e de assinatura do protocolo entre o ME e a SPNR que define os termos de atribuição do galardão.

“Os marcos da História da Medicina catapultaram uma série de seguidores” e é com base neste princípio que a SPNR espera “fazer história futura” conforme aludiu o Vice-Presidente da instituição e Presidente da Comissão Organizadora do Congresso Nacional de Neurorradiologia, Pedro de Melo Freitas. Realçar a neurorradiologia e um dos seus patronos irá “projetar nas gerações futuras o gosto pelas neurociências”, e por isso espera que o prémio “seja um dínamo à produção científica em qualidade. É o melhor exemplo de Egas Moniz que podemos dar”.

“Este é um momento importante para Estarreja”, afirmou satisfeito o Presidente da Câmara Municipal, Diamantino Sabina, que partilhou a “preocupação constante do Município em preservar a memória de Egas Moniz”, nomeadamente por via da salvaguarda da Casa-Museu situada em Avanca que nos últimos anos sofreu várias intervenções de beneficiação e requalificação. Para o autarca, será relevante manter e explorar parcerias como a que agora é firmada com a SPNR, tendo em vista um maior reconhecimento e divulgação da figura de Egas Moniz.

Diamantino Sabina focou ainda uma promessa feita em 2009 pelo Governo em funções na altura que ainda não foi esquecida em Estarreja, a criação de um Polo do Museu da Saúde. Apesar do “atual quadro comunitário de apoio nada guardar para a cultura”, Diamantino Sabina garante que “vamos procurar fazer prevalecer este nome da História da Medicina em Portugal e no Mundo”.

À margem da conferência de imprensa, o Bastonário da Ordem dos Médicos mencionou que “dificilmente haverá local mais indicado” para a instalação desse polo.

José Manuel Silva revelou ainda a hipótese da Ordem dos Médicos instituir o Dia Nacional do Médico na data de nascimento de Egas Moniz, a 29 de Novembro, “por ser a figura mais brilhante da História da Medicina dos tempos modernos. Egas Moniz teve um reconhecimento mundial que talvez mais nenhum médico tenha tido. Tudo o que for construído à volta do nome de Egas Moniz celebra um português ilustre. De facto teve uma intervenção multifacetada o que é um sinal da sua genialidade”, conclui.

Depois de ter visitado, pela primeira vez, o espaço museológico situado em Avanca, o Bastonário declarou que este património “merece, pelo que foi Egas Moniz e pela beleza e riqueza da Casa-Museu, um maior reconhecimento e conhecimento nacional”. E continuou salientando que “Portugal precisa de se orgulhar de si próprio” e entre as “pessoas excecionais da nossa História” está o cientista distinguido com os Prémios de Oslo (1945) e Nobel (1949).

As múltiplas facetas do génio tornam-no uma personalidade fascinante ao ponto de José Manuel Silva afirmar, sem exageros, que “precisamos de mais homens como Egas Moniz. Se ele hoje fosse vivo voltaria a fundar o mesmo partido político que fundou na altura. Há espaço para isso mesmo”.  Egas Moniz continua vivo e hoje, mais do que nunca, “faz todo o sentido recordar a sua parte de neurocientista, o ecletismo da sua personalidade, a sua intervenção cívica e tê-lo como exemplo para nos ajudar a motivar para os tempos difíceis que aí vêm. Temos que saber dar a volta por cima, assim como Egas Moniz soube dar”, disse o Bastonário referindo-se a uma época difícil em que “foi possível num país sem cultura científica ter um Prémio Nobel”, mérito de um Homem inteligente, visionário e determinado “em ultrapassar as fronteiras do conhecimento da altura”.

O Prémio Egas Moniz assinala o 70.º Aniversário do Prémio de Oslo (pelo desenvolvimento da Angiografia Cerebral) e o 25º Aniversário da SPNR e será atribuído esta noite no Museu de Aveiro, inserido no “XI Congresso Nacional de Neurorradiologia - 25 Anos da SPNR”, que vai decorrer este fim de semana na Universidade de Aveiro, com extensão na Casa-Museu Egas Moniz.